domingo, 21 de setembro de 2014

E a viagem chega ao fim!

De Cabo Ledo fomos à Kissama. A entrada no parque nem é cara, já a estadia e a comida achei demais. Fizemos um passeio de barco e um de camião (nenhum deles está incluído). Tive pena de não ver os elefantes, mas adorei as girafas.
Depois da Kissama só dormimos mais uma noite fora de Luanda, na Barra do Kwanza.
A foz do rio é linda e o resort Kwanza Lodge está muito acolhedor. Fizemos um passeio de barco e vimos um jacaré.
Da Barra do Kwanza voltamos a Luanda, parando no Miradouro da Lua e no Museu da Escravatura, que infelizmente estava fechado.
Nesse dia almoçamos com a Alice e a neta dela, a Hyane, e depois fomos ao mercado do artesanato em Benfica e a casa da Alice em Talatona. Por viver ali, ela sai de casa todos os dias às 4.30 da manhã para poder chegar a horas à clínica, seja a da Mutamba ou a da Sagrada Família na Ilha. Chega lá cedo demais, e por isso dorme um pouco antes de começar a trabalhar. Mas se sair de casa 10 ou 15 minutos mais tarde, já só entra em Luanda com quase 2 horas de atraso. Que vida!

Durante a última semana dediquei o tempo a tentar resolver o problema do BI. Já tinha um como solteira, tinha de tratar dos outros 2. Fui pedir mais uma certidão (só aceitam pedidos à segunda e terça), que fui buscar na quinta. "Mãe, a certidão está pronta.........mas não está assinada. Senta um pouco, já vai sair."  Quatro horas depois saíu mesmo! Nesse dia já não deu para ir ao arquivo de identificação da Ilha. Sexta de manhã, a pé e de candongueiro, estava lá cedinho. Desta vez tive a sorte de encontrar alguém muito simpático que me explicou que se eu tirasse fotocópias dos meus documentos, e pagasse 2 BIs, podia fazê-los no mesmo dia! Feliz, tratei das cópias e do pagamento e fiz a bicha. Foi rápido fazer o primeiro, como casada. O BI é pràcticamente instantâneo, mas quando fui levantar... "Mãe, o problema que estamos com ele é que a máquina não está a imprimir! Agora só na segunda!" Segunda, o meu último dia, passei-o no arquivo. À minha pergunta ao chegar, responderam: "Sim mãe, a máquina já está a imprimir....mas não tem sistema!" Tentei explicar que eu nem precisava do tal BI, pois teria de tirar logo o outro como divorciada. Não, sem este não se pode fazer o próximo! Não teve sistema até às 3 da tarde, hora a que finalmente saíu....como casada...com apelido Salavisa....e já não aceitavam mais pedidos nessa tarde!
É a minha terra, né? Fazer o quê? O melhor é encarar a coisa de modo relaxado, como Angolana que sou! A parte positiva é que tenho BI! A parte negativa é que tenho BI com um apelido que já não é meu há mais de 30 anos! Mas tenho documento e a minha nacionalidade já não está em dúvida!

Sábado foi dedicado aos primos e a um passeio até à Barra do Dande. Domingo foi dia de mergulho perto do Mussulo.
A hora da partida segunda à noite chegou rápida demais.
Chegava ao fim um mês de férias, 17 dias de viagem de carro, 4200km. As férias não foram baratas, mas também não custaram os 30.000 USD que me tinham pedido.
À família (de sangue e também a de coração que escolhi eu mesma) nunca poderei expressar a minha gratidão pela maneira como nos acolheram e por tudo o que fizeram. Fiquei muito feliz por conseguir ver os afilhados e alguns amigos. Os que desconsegui de ver/contactar espero que compreendam e me perdoem, mas o tempo nunca é suficiente para fazer tudo o que queremos, principalmente se temos de tratar de documentos. De resto, tenciono voltar - afinal de contas ainda tenho um BI para tratar!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Makas em Cabo Ledo

De Porto Amboim fomos para Cabo Ledo. Cinco kms antes da picada que leva à praia enfrentamos o que poderia ter sido o problema mais grave da nossa viagem. Mandaram-nos parar num controle da polícia na estrada. Não foi a primeira vez, foi talvez a décima, mas a diferença neste controle foi que o agente que nos pediu os papéis foi o primeiro que realmente fez uma verificação séria dos documentos. E ao contrário dos outros agentes, descobriu uma irregularidade: o carro não tinha o seguro em dia, tinha expirado em Fevereiro. É necessário explicar aqui que ao fim de muitos anos de bagunça, agora há uma lei em Angola que obriga os proprietários de automóvel a terem seguro - e a polícia de trânsito é extremamente rigorosa a exigir o cumprimento da lei. Expliquei que era carro alugado, que a culpa não era nossa e sim da companhia de aluguer, mas o agente estava decidido a confiscar os documentos. Ora sem documentos, não podíamos ir a parte nenhuma. Liguei para a companhia que nos alugou o carro - disseram-me que o carro tinha seguro, só que por lapso não tinham colocado a prova no carro. Dei o telemóvel ao agente que lhes disse que não queria saber, se o carro não tinha o comprovativo não saíamos dali! Falei com o indivíduo da Win que me disse que se eu tivesse internet me mandava o comprovativo - claro que eu não tinha internet! Sugeriu-me também que oferecesse gasosa ao agente - recusei, claro, o agente parecia-me uma pessoa séria, não estava a implicar connosco, tinha simplesmente dado conta que estávamos a infringir a lei. Se lhe oferecesse gasosa poderia ofender-se e aí já não era a Win que tinha problemas, era eu - e bem graves, a tentar subornar um agente da polícia! Ficamos ali quase meia hora, eu cada vez mais stressada e nervosa, mas sempre a conversar com o agente no meu melhor sotaque Angolano, a explicar que o carro era novo e por isso não acreditava que o alugassem sem seguro e que apesar de termos pago tão caro pelo aluguer íamos ter as férias estragadas por causa de um imbecil que não tinha feito o trabalho dele. Finalmente o agente compadeceu-se, disse-me que não era preciso chorar "mamã", devolveu-me os documentos e desejou-nos boas férias.
O suspiro de alívio que soltei nem teve tempo de sair todo cá para fora, já que 2 kms à frente havia outro controle. A tremer entreguei de novo os documentos mas quando o agente me perguntou se as férias estavam a começar ou a terminar não hesitei: lancei-me de um só fôlego no relato pormenorisado da viagem, incluindo  a boleia que deramos a um agente da polícia no Namibe, a decepção de não ter visto os hipopótamos, os cadernos e lápis de cor que tínhamos deixado nas escolas.... Com a conversa, distraíu-se e nem viu os documentos em condições! Desta vez o suspiro lá saíu e a primeira coisa que fizemos ao chegar a Cabo Ledo foi pedir à Win que enviasse o justificativo do seguro por email e pedir ao Dionísio que o imprimisse. Claro que depois de termos a prova na mão nunca mais nos pediram que a mostrassemos.
Cabo Ledo proporcionou-nos um bom descanso e alívio de tanto stress. Ficamos na Carpe Diem e assisti a um lindo por do sol Angolano enquanto bebia uma caipirinha - por motivos puramente medicinais, com vista a aliviar o tal stress.

My new "baby"

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