terça-feira, 9 de setembro de 2014

Makas em Cabo Ledo

De Porto Amboim fomos para Cabo Ledo. Cinco kms antes da picada que leva à praia enfrentamos o que poderia ter sido o problema mais grave da nossa viagem. Mandaram-nos parar num controle da polícia na estrada. Não foi a primeira vez, foi talvez a décima, mas a diferença neste controle foi que o agente que nos pediu os papéis foi o primeiro que realmente fez uma verificação séria dos documentos. E ao contrário dos outros agentes, descobriu uma irregularidade: o carro não tinha o seguro em dia, tinha expirado em Fevereiro. É necessário explicar aqui que ao fim de muitos anos de bagunça, agora há uma lei em Angola que obriga os proprietários de automóvel a terem seguro - e a polícia de trânsito é extremamente rigorosa a exigir o cumprimento da lei. Expliquei que era carro alugado, que a culpa não era nossa e sim da companhia de aluguer, mas o agente estava decidido a confiscar os documentos. Ora sem documentos, não podíamos ir a parte nenhuma. Liguei para a companhia que nos alugou o carro - disseram-me que o carro tinha seguro, só que por lapso não tinham colocado a prova no carro. Dei o telemóvel ao agente que lhes disse que não queria saber, se o carro não tinha o comprovativo não saíamos dali! Falei com o indivíduo da Win que me disse que se eu tivesse internet me mandava o comprovativo - claro que eu não tinha internet! Sugeriu-me também que oferecesse gasosa ao agente - recusei, claro, o agente parecia-me uma pessoa séria, não estava a implicar connosco, tinha simplesmente dado conta que estávamos a infringir a lei. Se lhe oferecesse gasosa poderia ofender-se e aí já não era a Win que tinha problemas, era eu - e bem graves, a tentar subornar um agente da polícia! Ficamos ali quase meia hora, eu cada vez mais stressada e nervosa, mas sempre a conversar com o agente no meu melhor sotaque Angolano, a explicar que o carro era novo e por isso não acreditava que o alugassem sem seguro e que apesar de termos pago tão caro pelo aluguer íamos ter as férias estragadas por causa de um imbecil que não tinha feito o trabalho dele. Finalmente o agente compadeceu-se, disse-me que não era preciso chorar "mamã", devolveu-me os documentos e desejou-nos boas férias.
O suspiro de alívio que soltei nem teve tempo de sair todo cá para fora, já que 2 kms à frente havia outro controle. A tremer entreguei de novo os documentos mas quando o agente me perguntou se as férias estavam a começar ou a terminar não hesitei: lancei-me de um só fôlego no relato pormenorisado da viagem, incluindo  a boleia que deramos a um agente da polícia no Namibe, a decepção de não ter visto os hipopótamos, os cadernos e lápis de cor que tínhamos deixado nas escolas.... Com a conversa, distraíu-se e nem viu os documentos em condições! Desta vez o suspiro lá saíu e a primeira coisa que fizemos ao chegar a Cabo Ledo foi pedir à Win que enviasse o justificativo do seguro por email e pedir ao Dionísio que o imprimisse. Claro que depois de termos a prova na mão nunca mais nos pediram que a mostrassemos.
Cabo Ledo proporcionou-nos um bom descanso e alívio de tanto stress. Ficamos na Carpe Diem e assisti a um lindo por do sol Angolano enquanto bebia uma caipirinha - por motivos puramente medicinais, com vista a aliviar o tal stress.

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